pixel NOVA na linha da frente pela sustentabilidade do planeta | Universidade NOVA de Lisboa

NOVA na linha da frente pela sustentabilidade do planeta

São vários os projetos interdisciplinares levados a cabo pela Universidade NOVA de Lisboa com vista a atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030, conforme estabelecido pelas Nações Unidas.

São vários os projetos interdisciplinares levados a cabo pela Universidade NOVA de Lisboa com vista a atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030, conforme estabelecido pelas Nações Unidas. Diversas faculdades levantaram questões e delinearam caminhos para um futuro mais sustentável, inclusivo e resiliente no âmbito do NOVA Science Day 2020. Confiança foi o sentimento que dominou o encontro de 22 de Setembro, muito embora todos alertem para os novos desafios - e o impacto negativo - da pandemia da COVID-19. Esta foi a terceira edição do evento que, dadas as restrições impostas pela pandemia, foi transmitido em live streaming no canal de Youtube da NOVA para toda a comunidade académica e científica, a partir do auditório da Reitoria.

Júlia Seixas, da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT NOVA), foi a primeira a falar durante a sessão dedicada à sustentabilidade. A energia e as alterações climáticas são o foco da investigação levada a cabo pela sua equipa. “Acredito que é possível prosperar com recursos mínimos e sem emissões de dióxido de carbono”, revelou com optimismo. Para tal, considera fundamental apostar na transição dos sistemas energéticos, sobretudo nas áreas urbanas. A FCT NOVA está a desenvolver estudos para dar resposta aos desafios de várias empresas públicas e também privadas. Por exemplo, para a EDP, a faculdade está a avaliar o potencial do hidrogénio para aplicar ao sistema energético português. Por seu turno, para a cidade de Cascais, está a ser estudada a possibilidade de desenvolver projetos no âmbito da agricultura urbana, com vista à produção de alimentos com menor pegada carbónica. A eficiência energética pode ser a resposta para os ODS 7 (Energias Renováveis e Acessíveis), 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis) e 13 (Ação Climática).

A questão da sustentabilidade das cidades (ODS 11- Cidades e Comunidades Sustentáveis) foi aprofundada por Miguel Neto, da NOVA Information Management School (NOVA IMS). O coordenador da Pós-Graduação em Smart Cities lembrou que 50% da população mundial vive atualmente nas cidades, mas que em 2050 se estima que será 70%. “Como podemos usar a tecnologia, a nossa capacidade de gerar e partilhar informação para alterar o paradigma de planeamento e gestão da vida nas cidades? A transformação digital pode ser a resposta.” Miguel Neto acredita que a gestão de dados pode ser “o petróleo do século XXI”, mas que é preciso compreender esses dados para lhes acrescentar valor. É esse, aliás, o objetivo de um dos laboratórios de investigação criados pela NOVA.

Já o tópico da segurança alimentar dominou a apresentação do investigador Nelson Saibo, do Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB NOVA), que lembrou que até 2050 é urgente duplicar a produção de alimentos para fazer face ao crescimento da população mundial (ODS 12 - Produção e Consumo Sustentáveis). Nelson Saibo deu como exemplo o caso do arroz, falando dos vários testes em laboratório que têm vindo a ser feitos para aumentar a eficiência da sua produção. Outra das prioridades do ITQB passa pela formação de investigadores oriundos de países em vias de desenvolvimento, muitas vezes confrontados com o problema da seca ou das cheias.

A Professora Antonieta Cunha e Sá, da NOVA School of Business & Economics (Nova SBE) questionou como a economia pode contribuir para o desenho de políticas públicas. Neste contexto, apresentou vários projetos que estão a ser desenvolvidos na faculdade no que respeita ao uso sustentável dos recursos marinhos (ODS 14) e terrestres (ODS15). Entre esses projetos, foi referido o plano de gestão sustentável da pesca da sardinha em Portugal, assim como a parceria com a Noruega no domínio da investigação da sustentabilidade do ecossistema marinho.

A saúde de qualidade (ODS 3) foi o denominador comum das apresentações de José Caldas de Almeida da NOVA Medical School (NMS) e de Sónia Dias, da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP NOVA). O Professor José Caldas de Almeida sublinhou que “a prosperidade global depende da saúde mental”. Acrescentou que a atual pandemia veio “reforçar” a importância da saúde mental, pois há “custos pesados para a economia” quando os cidadãos não podem trabalhar. A faculdade desenvolveu o primeiro estudo epidemiológico nacional de saúde mental e tem cooperado com outros países como o Brasil, Cabo Verde, Grécia, Líbano ou Índia no sentido da implementação de políticas de saúde mental. Por seu turno, a Professora Sónia Dias falou da importância da literacia em saúde. A prevenção da diabetes, a promoção da saúde nas comunidades migrantes, o acesso a meios de diagnóstico para a prevenção do cancro do colo do útero junto de mulheres em risco são alguns dos projetos da ENSP. Sónia Dias disse ainda que, em Março, foi criado o “barómetro COVID”, estudo que visa o impacto da pandemia com base na opinião social.

Claire Bright, da NOVA School of Law, começou a sua apresentação referindo-se ao facto da atual pandemia ter tornado explícita a necessidade de regulação. O papel da lei na promoção de uma conduta empresarial responsável dominou todo o discurso (ODS 10 Reduzir as Desigualdades). Foram apresentados exemplos como o da produção do chocolate que, quer no Gana, como na Costa da Marfim, decorre da exploração infantil. Claire Bright anunciou que, nas próximas semanas, começará a funcionar o novo Centro de Conhecimento em Negócios, Direitos Humanos e Meio Ambiente, em Lisboa. A NOVA School of Law quer assim assumir-se na vanguarda dos movimentos legislativos a nível europeu e internacional (ODS 16 -Paz, Justiça e Instituições Eficazes).

Com Tiago Correia, do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT NOVA), a audiência foi levada a refletir sobre o que já conseguimos em termos de sustentabilidade. Recorreu, para isso, à projeção de imagens de acontecimentos recentes como a pandemia ou os conflitos raciais. No final, sublinhou que a SARS-CoV-2 desafia a sustentabilidade dos objetivos estipulados pela ONU e lembra que a cooperação internacional tem mostrado falta de confiança, transparência e compreensão. Assertivo, Tiago Correia disse que “a ciência precisa de fazer política”, pois esta é a única forma de combater “fake news” (ODS 3 - Saúde de Qualidade).

Especialista em História Global do Trabalho, Raquel Varela, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (NOVA FCSH), sublinhou que as prioridades da Agenda da ONU para 2030 passam pela educação, saúde, condições dignas de trabalho e redução das desigualdades (ODS 1, 4, 5, 8 e 10). “É um assunto primordial, porque nos últimos 100 anos nunca a desigualdade foi tão grande como hoje. A pobreza era maior há 100 anos, mas a desigualdade é maior hoje. A pobreza é uma das razões de desigualdade, mas não a única.” Acrescentou: “Atualmente, 26 pessoas possuem tanto quanto os 3,8 mil milhões de pobres no mundo. O nosso papel é compreender, mas também apresentar soluções para este problema.” Raquel conta, por isso, com um grupo de trabalho interdisciplinar: historiadores, sociólogos, antropólogos, físicos, especialistas em Direito. “A desigualdade é, digamos assim, a mãe de todas as outras desigualdades. Tenho a certeza de que a nossa Universidade terá um papel nesta questão.”