pixel “Timing”, Adesão e Impacto das Medidas de Contenção da COVID-19 em Portugal - novo estudo da ENSP-NOVA | Universidade NOVA de Lisboa

“Timing”, Adesão e Impacto das Medidas de Contenção da COVID-19 em Portugal - novo estudo da ENSP-NOVA

“Timing”, Adesão e Impacto das Medidas de Contenção da COVID-19 em Portugal é o título do estudo publicado à data de 3 de maio de 2020 pelos investigadores e docentes da Escola Nacional de Saúde Pública da NOVA (ENSP-NOVA) Vasco Ricoca Peixoto, André Vieira, Pedro Aguiar, Paulo Sousa e Alexandre Abrantes.

 

 

Portugal atuou cedo, adotando medidas de contenção e mitigação da pandemia COVID-19, impondo um lockdown da vida económica e social quando apenas registava 62,4 casos de COVID-19 por milhão de habitantes e praticamente não registava óbitos, uma situação epidemiológica bem menos complicada do que a da Espanha, a Itália e o Reino Unido, quando tomaram medidas equivalentes.

A população Portuguesa aderiu de forma rápida e efetiva às medidas de contenção e mitigação decretadas pelo Governo, reduzindo a sua mobilidade efetiva para uma grande parte das atividades da vida diária, incluindo retalho e lazer (-83%), parques e afins (-80%) e transportes (-79%). Os Espanhóis também aderiram cedo e de forma efetiva às medidas de contenção e mitigação. Já os Italianos e os cidadãos do Reino Unido tardaram a adotar as medidas decretadas e, mesmo assim, de forma menos efetiva do que em Portugal e Espanha.

Entre 1 e 15 de abril, registaram-se em Portugal, menos 25% óbitos, uma redução da média diária de 53% de utentes internados em UCI, de 12% para o total de internados, e menos 23% de nº de casos do que seria esperado no mesmo período, sem as medidas de contenção e mitigação, considerando a evolução da pandemia até 31 de março. Observaram-se coeficientes de correlação elevados entre os valores do ICO/SI e os óbitos diários para Portugal (R=0,896) e nº de doentes em UCI (R=0.937). Estes resultados e outros critérios de causalidade observados sugerem que as medidas de confinamento e isolamento social foram e estão a ser efetivas na redução da mortalidade e dos casos graves de COVID-19.

Para avaliar a rapidez com que os diferentes países tomaram medidas para conter os efeitos da pandemia COVID-19, comparámos os respetivos indicadores de morbilidade e mortalidade no momento em que atingiram o valor de 60 e 80 do Índice de Contingência de Oxford. Para medir o grau de adesão da população às medidas de contenção e mitigação, utilizámos os dados disponibilizados pela Google e da Apple, que comparam a mobilidade durante o período de estudo com uma linha de base. Finalmente, para estimarmos o impacto das medidas tomadas na mortalidade e morbilidade grave por COVID-19, comparámos os registos oficiais de óbitos e de casos, o nº de internados em hospital ou em UCI por COVID-19 com os valores estimados se não se tivessem tomado essas medidas. As estimativas foram feitas com modelos de alisamento exponencial das séries temporais de óbitos diários, internados em UCI, e total de internamentos. A série temporal de novos casos foi ajustado para a previsão um modelo ARIMA.

Disponibilizamos aqui na íntegra o relatório “Timing”, Adesão e Impacto das Medidas de Contenção da COVID-19 em Portugal.