pixel Cientistas portugueses desvendam mecanismo associado à relação entre a diabetes e a doença de Parkinson | Universidade NOVA de Lisboa

Cientistas portugueses desvendam mecanismo associado à relação entre a diabetes e a doença de Parkinson

Hugo Vicente Miranda, da NOVA Medical School |Faculdade de Ciências Médicas, é um dos investigadores envolvidos neste estudo

Uma equipa de investigadores portugueses, entre os quais Hugo Vicente Miranda, do Centro de Investigação de Doenças Crónicas (CEDOC) da NOVA Medical School |Faculdade de Ciências Médicas, conseguiu evitar os efeitos tóxicos do aumento dos açúcares que conduzem à doença de Parkinson. Os resultados deste trabalho vêm no seguimento de estudos anteriores, onde já tinha sido confirmada a relação entre a diabetes e a doença de Parkinson.

Os cientistas tinham já conhecimento de que o açúcar acumulado no sangue diminui os níveis de uma proteína (a Hsp27), causando anomalias numa outra proteína importante na doença de Parkinson. Estas anomalias tornam-na tóxica para os neurónios e provocam os sintomas da doença. Já em 2017, um grupo liderado por Tiago Outeiro, da Faculdade de Medicina na Universidade de Göttingen, na Alemanha, revelou que a glicação (reacção de açúcares com proteínas) está associada  à morte de neurónios, nomeadamente os que produzem dopamina. A falta deste neurotransmissor conduz a falhas, sobretudo a nível motor, porque a informação não chega correctamente ao córtex cerebral. Ao estudar este fenómeno em moscas-da-fruta com problemas motores devido ao aumento de glicação, concluiu-se que, com recurso a fármacos que têm a capacidade de evitar esse processo, as moscas recuperavam a capacidade motora. No caso do estudo em ratinhos, a conclusão foi a de que a glicação levava à perda de neurónios dopaminérgicos, que tipicamente morrem na doença de Parkinson. De acordo com Hugo Vicente Miranda, investigador principal do CEDOC da NMS|FCM, que também participou neste estudo, neste momento, o trabalho centra-se em reverter essa reação nos ratinhos. 

Por outro lado, sabendo-se que a proteína Hsp27 consegue proteger a alfa-sinucleína, observou-se que na ausência da primeira ― devido ao aumento dos açúcares ―, a segunda deixa de estar protegida. No entanto, com a compensação dos níveis da Hsp27 através de ferramentas genéticas, é possível assegurar que a proteção da alfa-sinucleína se mantém. Estas conclusões foram publicadas este mês na revista científica FASEB, por duas equipas coordenadas por Tiago Outeiro e Hugo Vicente Miranda. 

Os resultados deste trabalho abrem assim caminho para novas estratégias terapêuticas para a doença de Parkinson.

Fonte: Público
Fotografias: NMS|FCM