A NOVA, em parceria com a EUTOPIA, a aliança de universidades europeias de que fazemos parte, reafirma, mais uma vez, o seu compromisso com a liderança feminina na ciência, valorizando as contribuições das mulheres na investigação e inspirando assim as novas gerações de raparigas a seguir carreiras científicas.
Assim, esta terça-feira, dia 11, comemoramos essa efeméride muito especial: criado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2015, o Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência visa promover a igualdade de género no acesso e participação nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM).
Este ano, fomos ouvir o testemunho de quatro cientistas da NOVA, a saber Maria Helena Godinho, Cristina Brito, Joana Marques e Sofia Ferreira, que têm impulsionado o conhecimento em áreas como materiais sustentáveis, história ambiental, saúde global e biotecnologia.
Maria Helena Godinho é investigadora no Centro de Investigação de Materiais (CENIMAT) da NOVA FCT e trabalha com polímeros naturais, sobretudo celulose, na criação de elastómeros de cristais líquidos (LCEs) biocompatíveis e renováveis. Falamos de materiais responsivos – que mudam de forma, cor e propriedades adesivas ou de amortecimento mediante estímulos externos – e têm aplicações inovadoras na robótica suave, na engenharia e na área biomédica.
Já Cristina Brito é investigadora sénior no CHAM – Centro de Humanidades e Professora Associada na NOVA FCSH. Como historiadora ambiental estuda a relação da humanidade com a vida marinha, procurando compreender a interação entre diferentes culturas e ecossistemas ao longo do tempo.
No Global Health and Tropical Medicine do IHMT NOVA, está Joana Marques, que se dedica ao estudo de estratégias inovadoras para reduzir a transmissão de doenças transmitidas por mosquitos, minimizando o impacto ambiental. O seu trabalho tem como foco o desenvolvimento daquilo que conhecemos como BLOODless – ou seja, uma dieta especial para mosquitos Anopheles (a espécie conhecida por transmitir doenças como a malária) e que serve para lhes administrar compostos que atuam no intestino onde os patógenos se desenvolvem.
Destaque ainda para o trabalho de Sofia Ferreira, investigadora no ITQB-NOVA, e cujo objetivo é otimizar as chamadas “fábricas celulares microbianas” – um processo da biotecnologia industrial que utiliza organismos vivos, tais como fungos e bactérias, como biocatalisadores –para a produção sustentável de compostos valiosos, como combustíveis, suplementos e medicamentos.
Além de serem cientistas notáveis, partilham entre si a experiência de serem mulheres na ciência, um percurso que, apesar dos desafios, se revela fundamental para impulsionar a diversidade, a inovação e a inclusão no meio académico e científico.
“É viver à procura do equilíbrio entre carreira e família, vivido com paixão e superação, e encontrando recompensas nas colaborações, amizades e no impacto conseguido pela investigação”, sublinha Helena Godinho). Ou, nas palavras de Cristina Brito, “enquanto mulher e académica em humanidades, acredito que podemos resgatar as vozes silenciadas de diferentes grupos, tanto no passado como nos dias de hoje, e devemos incluir múltiplos agentes na construção de narrativas históricas, memórias e ligações ecológicas e emocionais. Assim, também devemos aprender com outras mulheres e partilhar os seus pensamentos e diferentes visões do mundo.”
Mas não só. Como diz Joana Marques, “a ciência prospera na diversidade, na inclusão e na paixão por descobrir o desconhecido, e as mulheres são essenciais para impulsionar isso. Percorremos um longo caminho, mas ainda há trabalho a fazer, porque o verdadeiro progresso significa mais mulheres na liderança, mais vozes na inovação e um mundo onde a ciência não conhece género”. Já Sofia Ferreira associa o ser mulher na ciência à resiliência, à criatividade e à determinação para provocar mudanças: “Tenho muito orgulho em ultrapassar limites e inspirar as raparigas — incluindo a minha filha de 4 anos — a verem-se como futuras cientistas.”