A Reitoria da Universidade NOVA de Lisboa foi palco da Conferência Route Zero, um momento marcante que assinalou a apresentação pública do Roteiro para a Neutralidade e Resiliência Climática da instituição. Resultado de dois anos de trabalho colaborativo, este documento traduz o compromisso estratégico da NOVA com a sustentabilidade, mobilizando toda a comunidade académica em torno de um futuro mais responsável e resiliente.
Na sessão de abertura, o Reitor João Sàágua destacou que “com este momento vem uma grande responsabilidade: a de tomar decisões que moldarão os próximos 50 anos e além”. Sublinhou ainda que a sustentabilidade “não é uma preocupação periférica — é central, é fundacional e é urgente”.
O palco foi depois de Júlia Seixas, Pró-Reitora com o pelouro da Sustentabilidade, que apresentou os pilares do projeto Route Zero, explicando que “a sustentabilidade não é um destino estático, é um processo dinâmico”. A NOVA compromete-se com metas ambiciosas de descarbonização, como a produção de energia solar, certificação de laboratórios sustentáveis e políticas de mobilidade e compras verdes. “Decidimos avançar com este projeto porque ele nos obriga a compreender, a estar conscientes e a agir”, afirmou, acrescentando que “tudo está a ser feito com toda a comunidade NOVA”.
O momento seguinte foi marcado pela participação de representantes internacionais, como Stephanie Panichelli-Batalla e Parvez Islam, da University of Warwick, e Stefan Gumhold, da Universidade Técnica de Dresden, ambas universidades parceiras da NOVA na aliança EUTOPIA, e que partilharam as suas experiências e estratégias rumo à neutralidade carbónica.
A conferência incluiu ainda uma mesa-redonda com os convidados do podcast “Inquietos por Natureza” – que pode ouvir aqui – moderada pelo jornalista ambiental Ricardo Garcia, que lembrou que “o único ano em que conseguimos baixar as emissões globais foi durante a pandemia, quando o mundo parou. Agora não queremos parar o mundo, queremos mudar a forma como vivemos”.
Seguiu-se a intervenção de Marco Neves, professor da NOVA FCSH, que explorou a origem de cinco palavras difíceis relacionadas com as alterações climáticas, como “transição”, “mitigação” e “resiliência”, numa reflexão sobre a importância da linguagem na comunicação da sustentabilidade.
Sobre a palavra “resiliência”, explicou: “Resiliência é conseguir, depois de algo negativo, voltar atrás e recuperar. Está mais relacionada com o termo recuperação do que com resistência” – para depois concluir que “a sustentabilidade também é uma questão de comunicação, de língua, de imaginação e do nosso desejo de continuar a conversar”.
Como reduzir a pegada ecológica nos laboratórios é uma das medidas contemplada no roteiro agora apresentado, o painel seguinte – “Sustentabilidade na prática de investigação” – refletiu sobre a questão, num debate conduzido por Júlia Seixas. Aaron Desmond (MyGreen Lab), à distância, lembrou como a missão do seu laboratório é “criar uma cultura global de sustentabilidade na ciência para transformar a indústria num líder global na área”. Na sala, Cristina Branquinho (CE3C-FCUL/CHANGE) partilhou a experiência na Universidade de Lisboa, e Margarida Prado (FC&T) detalhou como o processo decorre no grupo de trabalho a nível europeu.
O encerramento esteve a cargo de Ana Teresa Perez, Presidente da Agência para o Clima, que elogiou o roteiro da NOVA como “um exemplo concreto de como se transforma conhecimento em compromisso e compromisso em ação”, sublinhando que “este tipo de iniciativas pode fazer toda a diferença”.
Mais informação sobre a Route Zero
Evento completo disponível aqui