O projeto “EVCA: Diagnostic and Advanced Therapeutics based on Extracellular Vesicles” é coordenado por Rune Matthiesen e Paulo Pereira, investigadores da NOVA Medical School (NMS), e recebeu um financiamento de cerca de 1,5 M€. Financiado no mesmo valor foi também, o projeto “GLYCOTwinning: Building Networks to Excel in Glycoscience” coordenado por Paula Videira, Filipa Marcelo e Angelina Sá Palma, investigadoras da Unidade de Ciências Biomoleculares Aplicadas (UCIBIO) na NOVA School of Science and Technology (FCT NOVA).
Isabel Rocha, a vice-Reitora da NOVA que coordena as áreas de Investigação, Inovação e Criação de Valor, considera que “a NOVA e os Investigadores responsáveis estão de parabéns. São sem dúvida temas muito relevantes a serem desenvolvidos com instituições de referência na Europa. Foi uma call muito concorrida, com quase 400 candidaturas submetidas, e este resultado inédito da NOVA demonstra a qualidade dos nossos investigadores no panorama internacional.”
Projeto EVCA – NOVA Medical School: as vesículas extracelulares que podem ser determinantes na deteção e tratamento do cancro
Chamam-se “vesículas extracelulares” ou exossomas as pequenas partículas libertadas pelas células que investigadores da NOVA NMS estão a estudar e podem ser fundamentais na deteção precoce de doenças como o cancro, mas também no tratamento dessas e outras patologias.
Essas partículas medeiam a comunicação entre as células, são verdadeiros “veículos de comunicação” entre as células e podem ser usadas como meios de diagnóstico ou como terapias. Isto porque determinadas patologias e em especial vários tipos de cancro, produzem vesículas com informação específica, que evidenciam a patologia. Conhecer essas vesículas e a sua composição permite detetar a patologia e agir mais precocemente, antes mesmo da manifestação “exterior” da doença. São, na pática, “biópsias líquidas”.
O trabalho dos investigadores da NMS é no sentido de caracterizar melhor essas vesículas e criar guias de utilização e tratamento, em que as vesículas podem atuar como “cavalos de Troia”, pois as células doentes deixam-nas passar, uma vez que as conhecem. Os investigadores portugueses pretendem desenvolver técnicas que permitam carregar as vesículas com moléculas terapêuticas, que desse modo atuam diretamente na célula doente. A utilidade destas vesículas é incomensurável, pois evitam as barreiras que as células doentes erguem a agentes externos, que lhes são estranhos. Como as vesículas lhes são familiares, deixam-nas entrar e permitem que elas trabalhem na cura, através das proteínas terapêuticas e medicamentos biológicos que transportam e que entregam nas células doentes.
Cientistas de todo o mundo estudam as VE, mas os investigadores portugueses que lideram este projeto concentram-se na aplicação clínica, que é um dos principais desafios deste projeto, focado na promoção e reforço da área de investigação em diagnóstico e terapias avançadas baseadas em VE, aproveitando o conhecimento multidisciplinar já existente, reforçando as redes colaborativas em que a NMS está presente e aproveitando o seu potencial aplicado à medicina e, sobretudo, mudar o paradigma nacional e o futuro da investigação e inovação biomédica em Portugal. O projeto EVCA irá colocar a NMS no mapa das instituições internacionais que lideram a investigação em VE e dar continuidade a colaborações futuras entre as instituições parceiras.
O projeto irá ser desenvolvido na NMS em parceria com duas instituições europeias de referência, Institut Curie (IC), em França, e o Center for Cooperative Research in Biosciences (CICbioGUNE), em Espanha, e tem como objetivo tornar a NOVA Medical School num centro de excelência, nacional e internacional, de investigação e inovação em vesículas extracelulares para aplicações clínicas.
Para a NMS, o IC e o CIC bioGUNE, esta é uma oportunidade única para unir esforços e aumentar o conhecimento sobre VE e o seu potencial aplicado à medicina e, sobretudo, mudar o paradigma nacional e o futuro da investigação e inovação biomédica em Portugal. O projeto EVCA irá colocar a NMS no mapa das instituições internacionais que lideram a investigação em VE e dar continuidade a colaborações futuras entre as instituições parceiras.
Projecto GLYCOTwinning - Unidade de Ciências Biomoleculares Aplicadas (UCIBIO), FCT NOVA: a caixa de ferramentas para conhecer os açúcares das células que podem salvar vidas
Paula Videira, Filipa Marcelo e Angelina Sá Palma, investigadores da UCIBIO-NOVA, explicam que todas as nossas células possuem uma película que as envolve que mais não é do que açúcares designados por glicanos. Os microrganismos possuem igualmente essa película. Qualquer interação física célula a célula, incluindo microrganismo-hospedeiro, passa pelos glicanos, como qualquer interação física entre pessoas passa pela pele.
O projeto GLYCOTwinning pretende antes de mais identificar esses açucares e perceber como é que os glicanos afetam a interação entre as células, doentes e saudáveis. E vai mais longe, desenvolvendo uma tool box (caixa de ferramentas) que mais não é do que uma plataforma tecnológica (que já existe, mas que esta investigação vai reforçar e afinar) para detetar moléculas que contenham glicanos “maus” e permitir, depois de os conhecer, desenvolver moléculas que possam tratar esses glicanos. A plataforma, que usa várias técnicas e tecnologias, isolada ou concomitantemente (por isso se chama “tool box”), permite, depois de conhecer os glicanos, manipular essas moléculas. O desafio da investigação é a caracterização das interações entre as células e como é que as proteínas reconhecem esses glicanos e desenvolver novas ferramentas para identificar glicanos e poder contribuir para a terapia por exemplo para doenças oncológicas, infeciosas e doenças congénitas da glicosilação.