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Na primeira pessoa: Praise Emmanuel

Praise Emmanuel tem 20 anos, nasceu na Nigéria e estava a estudar em Kiev quando a guerra rebentou

"Na véspera de ter de virar a vida ao contrário e rumar a sul, tudo estava bastante normal. Até que um dia acordei com o meu irmão a ligar-me para me perguntar se eu estava a salva. Imediatamente após a chamada, ouvi o som de uma explosão.  

Nessa altura, confesso, já estava a tremer de medo, pelo que corri para o bunker mais próximo, à procura de segurança. A minha cidade, outrora movimentada, transformou-se numa cidade-fantasma, com todos a esconderem-se e a irem à mercearia comprar comida em corrida, tudo se tornou assustador, porque não se sabia quando a próxima bomba iria cair, e tudo parecia tão incerto, pelo que a solução parecia simplesmente sair do país. Como não havia muito espaço nos comboios para bagagens, a grande maioria das coisas ficaram para trás - comigo, trouxe apenas a pasta que costumava levar para a universidade.  

Devido ao elevado número de pessoas que tentavam sair do país, os comboios estavam cheios, e nós estávamos apertados como sardinhas em lata. Nessa altura, ninguém se preocupava realmente com aquilo que todos nós queríamos: segurança era, efetivamente, a nossa primeira prioridade.  

 É sempre difícil mudar de país para país e pior ainda naquelas condições, sem saber se teria oportunidade de acabar os estudos e se todos os sonhos que tinha para a minha vida se iriam eclipsar de um dia para o outro. Sentia-me desesperada: naquele momento, a única opção para mim parecia ser procurar um emprego para me sustentar e desistir de estudar.  

 Daí estar tão grata por esta oportunidade – para mim e para todas as pessoas afetadas pela guerra e pela oportunidade de continuar a minha educação médica. Agora, posso dizer que encontrei outro lar longe de casa e posso esperar um futuro melhor."