O auditório da Reitoria da Universidade NOVA de Lisboa acolheu, na passada sexta-feira, dia 27, a cerimónia de boas-vindas a duas figuras de destaque da ciência e da política mundial.
“Poucos contribuíram tanto, não só para a Saúde, como para o avanço do conhecimento. A sua visão e dedicação exemplificam o melhor da ciência ao serviço da humanidade”, afirmou o Reitor da NOVA, João Sàágua, referindo-se ao percurso do eminente cientista do MIT, Robert Langer. Sobre Maria Damanaki, acrescentou: “Uma mulher com uma visão extraordinária, na linha da frente contra uma ditadura, abrindo caminho para a carreira das mulheres — uma vida repleta de feitos e valores que representam o melhor da humanidade.”
Seguiram-se os discursos laudatórios e a entrega da insígnia a cada um dos homenageados.
“O impacto do seu trabalho faz dele um Edison da Medicina”, destacou Pedro Oliveira, diretor da Nova School of Business and Economics, referindo-se a Langer, e recordando que o seu contributo salvou milhões de vidas em todo o mundo — nomeadamente durante a pandemia, sendo um dos “pais” da vacina de mRNA contra a Covid-19. “Um herói que derrubou as barreiras entre a indústria e a academia”, concluiu.
“Dizer que é um pioneiro é pouco”, reforçou João Conde, subdiretor para a investigação da NOVA Medical School, que teve o privilégio de colaborar com Langer no MIT. “Acima de tudo, Langer redesenhou a forma como fazemos ciência: com simplicidade, humildade e perseverança. Mais do que isso: é guiado pela convicção de que a ciência deve servir as pessoas. Que não haja dúvidas — é este herói que queremos seguir.”
Dono de um percurso exemplar, Robert S. Langer agradeceu com um sorriso constante, destacando o que sempre o motivou: “Falhar é normal. Lembrem-se de que qualquer grande empreendedor falhou muito antes de alcançar o sucesso.” E acrescentou: “Devemos trabalhar muito porque queremos — e, se tivermos consciência do impacto que isso pode ter no mundo, trabalharemos ainda mais.”
Seguiu-se a intervenção de Assunção Cristas, vice-presidente do Conselho de Faculdade da NOVA School of Law, que proferiu o elogio a Maria Damanaki. “Mais do que grega, é uma cidadã do mundo, sempre atenta às circunstâncias das mulheres”, afirmou, recordando o compromisso político assumido desde cedo pela ex-comissária europeia para o ambiente, oceanos e pescas. “Uma das suas grandes contribuições foi a restauração de grande parte da vida marinha, criando milhares de empregos nesse setor”, sublinhou, considerando o seu percurso uma inspiração. “Proteger o oceano não é apenas possível — é essencial para o futuro da humanidade.”
Maria Damanaki respondeu com emoção, recordando que nasceu junto ao mar e quase se afogou aos três anos: “Sempre quis saber o que havia para lá daquele imenso azul.” Reconheceu que a vida política não foi fácil — mesmo para uma europeísta convicta como ela. E terminou com uma citação de Pessoa: “Para ser grande, sê inteiro.”