pixel NOVA recebe mais duas bolsas do Conselho Europeu de Investigação (ERC) na área das Ciências da Vida  | Universidade NOVA de Lisboa

NOVA recebe mais duas bolsas do Conselho Europeu de Investigação (ERC) na área das Ciências da Vida 

As bolsas Proof of Concept são atribuídas exclusivamente a Investigadores Principais que já receberam um financiamento ERC anteriormente.  

O Conselho Europeu de Investigação (ERC) acaba de anunciar que concedeu financiamento na área das ciências da vida a duas investigadoras da Universidade NOVA de LisboaCristina Silva Pereira, do Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier (ITQB NOVA) e Cecília Roque, da Unidade de Ciências Biomoleculares Aplicadas da Faculdade de Ciências e Tecnologia (UCIBIO-NOVA FCT). Portugal foi ainda distinguido com uma 3ª bolsa, no caso atribuída à Fundação Champalimaud (FC).  

Na ordem dos 150 mil euros, cada bolsa será aplicada na transferência dos resultados das suas investigações pioneiras – no caso da NOVA, nas tecnologias de biomateriais e no diagnóstico não invasivo, respetivamente, para as primeiras fases de comercialização.  

As bolsas Proof of Concept do ERC são atribuídas exclusivamente a investigadores Principais que já receberam um financiamento ERC anteriormente e o seu principal objetivo é apoiar o potencial de inovação comercial e social da investigação.  

“É preciso coragem e habilidade para levar uma ideia do laboratório para o mundo dos negócios”, diz Iliana Ivanova, Comissária Europeia para a Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude, no comunicado de imprensa do ERC. “As bolsas Proof of Concept anunciadas agora são projetadas para permitir que os investigadores deem este passo corajoso e transformem investigação revolucionária em inovações tangíveis”.  

Maria Leptin, Presidente do Conselho Europeu de Investigação, acrescenta no mesmo comunicado: “Com a ajuda das bolsas ERC Proof of Concept, os nossos beneficiários podem dar um passo adiante e testar o potencial de mercado dos seus projetos de investigação fundamental”. 

Mais sobre o projeto do ITQB NOVA  

O trabalho de Cristina Silva Pereira parte do conceito do potencial dos alimentos funcionais para promover a saúde e prevenir doenças, fazendo que que estejam a ser cada vez mais procurados. A incorporação de ingredientes funcionais, como probióticos e proteínas, está a ser analisada pela indústria alimentar para produtos como o pão, o leite e os sumos de fruta. No entanto, muitos destes ingredientes funcionais - benéficos para a saúde - são sensíveis ao pH de produtos ácidos como os sumos. 

As tecnologias de encapsulamento, particularmente aquelas conhecidas como antibubbles, são uma ferramenta promissora para aumentar a sobrevivência destes ingredientes em ambientes ácidos e no estômago. Contudo, o material de encapsulamento mais utilizado – a sílica – não é adequado para consumo humano.  

No âmbito da sua recém-concluída Bolsa ERC Consolidator, MIMESIS, Cristina Silva Pereira e a sua equipa propuseram uma alternativa: "Acreditamos que a suberina, um biopolímero hidrofóbico que a natureza utiliza para impedir o transporte de umidade, poderia ser utilizada como invólucro de gotículas líquidas, evitando fugas e garantindo uma vida útil longa", explica. 

Ao todo, Cristina Silva Pereira coordena uma equipa de 18 pessoas no Laboratório de Micologia Aplicada e Ambiental do ITQB NOVA. Tornou-se investigadora principal em 2008 - apenas quatro anos após o seu doutoramento. A sua equipa trabalha em poliésteres vegetais, e tem várias parcerias com a indústria.  

Ganhou a sua primeira ERC, uma Consolidator Grant, em 2015, com o projeto MIMESIS - Desenvolvimento de biomateriais através do mimetismo das interfaces defensivas das plantas para combater infeções de feridas. A investigação desenvolvida no âmbito deste projeto vai agora aproximar-se do mercado através da nova bolsa ERC Proof of Concept.  

Cristina Silva Pereira estudou Química Aplicada - Biotecnologia na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, e iniciou a sua carreira de investigação no Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (iBET). Durante o seu doutoramento, trabalhou no ITQB, no John Innes Centre e no Institute of Food Research (Reino Unido).  

Nos últimos cinco anos, publicou mais de 30 artigos científicos em revistas internacionais. Atualmente, Silva Pereira é co-coordenadora do Programa de Doutoramento em Biociências Moleculares, e membro do conselho diretivo da pós-graduação StartUp Research Programme.  

Mais sobre o projeto de Cecília Roque (UCIBIO-NOVA FCT) 

O projeto “Diagnósticos clínicos não invasivos inspirados no olfato” parte da aplicação de ferramentas modernas de bioengenharia e inteligência artificial para apresentar diagnósticos inspirados no olfato como o futuro dos diagnósticos clínicos. 

No âmbito da Bolsa Starting Grant financiada pelo Conselho Europeu de Investigação - SCENT, a equipa de Cecília Roque trabalhou no domínio do olfato artificial e das tecnologias inspiradas no olfato, como o nariz eletrónico. 

 A bolsa inicial SCENT foi pioneira numa classe inovadora de materiais de base biológica, por exemplo, utilizando gelatina, que são sensíveis a compostos voláteis (odores) e outros biomarcadores de doenças libertados pelo corpo.  

"Os novos materiais alteram as suas propriedades na presença de biomarcadores de doenças, gerando sinais que são recolhidos e depois analisados por ferramentas de inteligência artificial", explica Susana Palma, membro da equipa do projeto.  

Estes sistemas de nariz artificial encontram padrões de biomarcadores distintos em amostras biológicas complexas, pelo que podem ser utilizados para detetar impressões digitais associadas a determinadas doenças. 

Atualmente, a maioria das ferramentas de diagnóstico clínico ainda são invasivas, o que significa que requerem a recolha de sangue ou outras amostras do corpo, causando frequentemente stress, dor e desconforto ao doente. 

Depois de desenvolver as tecnologias SCENT, a equipa tem-se concentrado em fazer a validação tecnológica e de mercado das suas tecnologias inspiradas no olfato. Apesar de ter inúmeras aplicações, "o nosso objetivo é validar as tecnologias SCENT para ferramentas de diagnóstico rápidas e compatíveis com o paciente, utilizando amostras do corpo recolhidas de forma não invasiva, como a urina, como fonte de diagnóstico de doenças. Estamos também a analisar aplicações clínicas para as quais as atuais ferramentas de diagnóstico são dispendiosas, demoradas ou inexistentes", afirma Cecília Roque. 

Com a recém-concedida bolsa de Prova de Conceito do ERC para o projeto, a equipa de Cecília Roque irá validar as tecnologias inspiradas no olfato para o diagnóstico de doenças neurodegenerativas, como as doenças de Parkinson e de Alzheimer, que afetam uma grande parte da sociedade tendo um elevado peso económico e social.  

A equipa de investigação trabalhará em estreita colaboração com clínicos de hospitais para validar a componente tecnológica do projeto, assim como com a equipa italiana DayOne para a validação e desenvolvimento do negócio. 

Recorde-se que Cecília Roque é Professora Associada com Agregação em Bioengenharia e diretora do Laboratório de Investigação em Engenharia Biomolecular da UCIBIO, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa, desde fevereiro de 2023.  

Licenciada em licenciada em Engenharia Química (especialização em Biotecnologia) e doutorada em Biotecnologia pelo Instituto Superior Técnico, foi Visiting Scholar na Universidade de Cambridge e na Universidade Católica da América, investigadora de Pós-Doutoramento no Instituto de Biotecnologia (Universidade de Cambridge) e no INESC-MN (Lisboa, Portugal), e Professora Visitante na Universidade de Cambridge, Universidade de Nantes, Universidade de São Paulo, City University of New York e KTH Royal Institute of Technology em Estocolmo.  

A sua investigação centra-se na biomimética, fundindo química, biotecnologia e engenharia, e o seu trabalho tem recebido várias distinções nacionais e internacionais.