pixel “Uma homenagem aos valores da Arte e da Cidadania”: NOVA atribuiu Doutoramento Honoris Causa a Gilberto Gil  | Universidade NOVA de Lisboa

“Uma homenagem aos valores da Arte e da Cidadania”: NOVA atribuiu Doutoramento Honoris Causa a Gilberto Gil 

“Um dia único para a NOVA”, sublinhou o Reitor da Universidade NOVA de LIsboa, João Sàágua. “Uma gratidão profunda”, agradeceu Gilberto Gil. História de uma distinção muito especial no ano em que a Universidade NOVA de Lisboa celebra 50 anos.   

Gilberto Gil tinha os olhos marejados, as fotos do momento não enganam. Ao piano, Júlio Resende tocava “Cálice”, enquanto o público acompanhava cantando a letra, baixinho – “Pai, afasta de mim esse cálice, Pai...” – música que nos fez viajar no tempo 50 anos, levando-nos de novo até 1973, data em que foi composta por Gilberto Gil e Chico Buarque, para denunciar a opressão da ditadura vivida então pela população brasileira. 

Não demoraria até que a plateia, cheia, do auditório da Reitoria da NOVA – onde se encontravam as mais diversas personalidades políticas e culturais, desde o Embaixador do Brasil, Raimundo Carreiro Silva, ao ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, passando pela presidente da Câmara Municipal de Almada, Inês de Medeiros, o cantor e compositor Sérgio Godinho, a fadista Ana Moura e Samuel Úria, entre outros – se levantasse num aplauso, em uníssono.  

Foi ao início da tarde que 31 de outubro de 2023 - ficaria sempre marcado “dia único para a NOVA”, como haveria de sublinhar o Reitor, João Sàágua, no momento de conceder a mais elevada honra académica que uma universidade pode atribuir. Para logo depois acrescentar que, no caso de Gilberto Gil – compositor, escritor, antigo ministro da Cultura do Brasil e atual membro da Academia Brasileira de Letras – trata-se também de uma homenagem aos valores fundamentais da Arte e da Cidadania.   

“Pela Arte, Gilberto Gil representa para nós os valores da energia criadora, da alegria sã, da harmonia cósmica e da compreensão profunda da humanidade. Pela Cidadania, representa os valores da liberdade, da diversidade, da igualdade e da democracia. Valores essenciais na sociedade de hoje, com todos os desafios que ela enfrenta”, disse ainda o Reitor da NOVA, no seu discurso, cuja versão completa pode ler aqui. “No ano em que a NOVA celebra 50 anos, quisemos também honrar, através de Gilberto Gil, a cultura que se expressa em português e a presença da língua portuguesa no mundo”.

Clara Rowland, Pró-reitora para a área da Cultura na NOVA, e Manuel Pedro Ferreira, do Professor do Departamento de Ciências Musicais da NOVA, detalhariam, depois de um esboço biográfico do laureado, uma reflexão sobre a palavra na obra de Gil e os seus aspetos mais musicais – que pode ler por inteiro aqui.  

“Ele é ao mesmo tempo aquele que vem da terra (no seu discurso de tomada de posse como Ministro da Cultura, em 2003, definia-se como “um artista que nasceu dos solos mais generosos da nossa cultura popular”), e aquele que da própria terra recebe o impulso, ou o arsenal de instrumentos”, salientou a Pró-reitora para a Cultura.  

“Recebo esta honraria como um gesto de amor”, retribuiu Gilberto Gil, agradecendo ainda o gesto da NOVA para com um “cantor do simples, do subtil, quiçá do belo, por vezes acossado e assustado pelos horrores de um mundo traiçoeiro”. “Mundo esse”, reforçou, “que é forçoso também contar no meu canto”, assumiu o laureado, 81 anos, figura central do Tropicalismo, ministro da Cultura do Brasil entre 2003 e 2008, membro da Academia Brasileira de Letras – e agora Doutor Honoris Causa, pela Universidade NOVA de Lisboa. Uma cerimónia que pode rever aqui, a partir do minuto 22.