pixel 6ª Conferência Internacional NOVA Saúde - Desafios da vacinação ao longo da vida: "O problema é académico, mas também político"  | Universidade NOVA de Lisboa

6ª Conferência Internacional NOVA Saúde - Desafios da vacinação ao longo da vida: "O problema é académico, mas também político" 

“Além de prevenir doenças, promovendo assim o bem-estar das populações, a vacinação contribui, de forma direta e indireta, para 14 dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”, assinalou Sara Cerdas, médica de Saúde Pública e, desde 2019, deputada do Parlamento Europeu, na abertura da 6ª conferência internacional promovida pela NOVA Saúde e dedicada aos desafios da vacinação ao longo da vida.  

Keynote speaker do evento, que decorreu no dia 20, na reitoria da Universidade NOVA de Lisboa, Sara Cerdas fez ainda questão de sublinhar o papel importante que a academia tem para ajudar a sociedade a enfrentar “o grande desafio que é a hesitação vacinal”. 

Tema da maior atualidade – como constatado durante a pandemia de Covid-19, em que se verificaram diferenças na ordem dos 30 % entre estados-membros – deu o mote para o encontro que focou os diversos obstáculos na promoção da vacinação em todas as fases da vida, a pesquisa sobre formulações de vacinas inovadoras e o desenvolvimento de novas abordagens, entre outros.  

“A vacinação tem desafios e soluções, mas também controvérsias e saber como as superar é hoje uma questão da maior importância”, salientou o investigador do IHMT - NOVA Tiago Correia, que lidera o projeto “VAX-ACTION: tackling effectively vaccine hesitancy in Europe", recentemente selecionado para financiamento europeu

Insistindo que não é um problema novo, Tiago Correia assumiu que há sim uma crescente polarização - “para cada entendimento, cada benefício apontado, somos confrontados com o oposto” - o que faz com que a questão seja não só académica, mas também política. 

Num mundo marcado pela desinformação, o problema ganha ainda outros contornos: “é que não há um só perfil dos hesitantes. Tanto vivem países de alto rendimento como de baixo rendimento, e há múltiplos fatores a condicionar a sua resposta às vacinas: percurso e estilo de vida, experiência, género, idade, nível de formação. Daí a complexidade do problema”, explicou. A solução, insistiu aquele investigador do IHMT-NOVA, passa por “melhorar a comunicação com as populações e também pela formação dos profissionais de saúde para lidar com estas questões”.  

A marcar o final do encontro, Margarida Tavares, secretária de Estado para a promoção da Saúde, reconheceu que, passe os 58 anos do Programa Nacional de Vacinação, há efetivamente ainda um caminho a percorrer, e que isso nos implica a todos.  

“Ao longo da história, as vacinas provaram ser das ferramentas mais eficazes na prevenção de doenças e dos seus efeitos. Em muitas partes do mundo, salvaram e continuar a salvar inúmeras vidas. Ao sermos embaixadores da vacinação, estamos também a forjar um vínculo para a solidariedade e para a redução do fosso entre gerações. A vacinação capacita-nos, e torna a promoção e proteção da saúde uma possibilidade real para todos.” 

No final do evento, foi entregue o prémio do melhor poster dos trabalhos apresentados na conferência, que distinguiu o trabalho "Computational approach for the discovery of small molecule inhibitors of the PD-1/PD-L1, immune checkpoint in dendritic cell-based vaccines for improved cancer immunotherapies", com Patrícia Sobral como primeira autora.