O debate sobre as novas formas de organização do trabalho e as implicações que têm sobre o próprio Direito do Trabalho é um tema de grande relevância na nossa sociedade e que merece a reflexão de todos nós.
Vivemos numa era de rápidas e profundas mudanças, impulsionadas pela tecnologia, pela globalização e por variadíssimas transformações socioeconómicas, as quais têm inevitavelmente impacto a vários níveis da nossa vida, incluindo na forma como o trabalho passa a estar organizado.
Refiro-me naturalmente ao teletrabalho, com todas as suas vantagens, mas também com os potenciais riscos, por exemplo, sobre o bem-estar emocional e mental dos trabalhadores em resultado do aumento da solidão e da ausência de interação social.
Refiro-me, também, à expetativa cada vez maior que existe na força de trabalho por um maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional, através de trabalho flexível e horários alternativos, mas que ainda comporta sérios desafios à sua implementação de facto e também desigualdades, em particular às mulheres que, como sabemos, ainda enfrentam expectativas sociais mais rígidas quanto às responsabilidades familiares e domésticas – a chamada dupla jornada.
Se é verdade que as organizações do século XXI precisam de se adaptar às mudanças em curso para permanecerem competitivas e sustentáveis, não menos verdade é a necessidade de estas também garantirem que os direitos, dignidade e bem-estar dos trabalhadores são e continuam a ser protegidos.
Neste contexto extremamente dinâmico, o direito do trabalho desempenha, pois, um papel fundamental na construção de sociedades mais justas e equitativas. Devemos, por isso, comprometer-nos a aplicar os seus princípios de forma eficaz e adaptada às realidades do século XXI, garantindo que ninguém é deixado para trás no processo de transformação da nossa sociedade.
Porém, é preciso também conhecer a realidade. E nesse espírito convido todas e todos a visitarem o novo portal do Social Data, disponível aqui .
Trata-se de um projeto do Observatório para as Condições de Vida e Trabalho e da Plataforma Nova4Globe, lançado recentemente, que contribuirá para a divulgação científica e em acesso livre de dados interdisciplinares de trabalho, sustentabilidade, desigualdade social, saúde e condições de vida em Portugal.
Ao partilhar dados atualizados e relatórios de estudos sobre o mundo laboral, a NOVA deseja não só oferecer informação relevante, mas também fomentar uma análise mais profunda e abrangente que estimule a reflexão crítica sobre as dinâmicas emergentes no âmbito laboral, proporcionando assim uma base sólida para discussões significativas e muito necessárias.