pixel «Migrações e Doenças Tropicais: o perigo vem do Sul?» - NOVAs Conversas com Jorge Atouguia | Universidade NOVA de Lisboa

«Migrações e Doenças Tropicais: o perigo vem do Sul?» - NOVAs Conversas com Jorge Atouguia


"Migrações e Doenças Tropicais: o perigo vem do Sul?" - NOVAs Conversas com Jorge Atouguia

2.ª Conversa do Ciclo "Questões sobre a Mobilidade"

24 de novembro de 2015 | 18h |Local: ITQB - Auditório | Entrada Livre, mas sujeita a inscrição aqui.

http://www.unl.pt/pt/escola-doutoral/pid=605

As doenças tropicais são doenças transmissíveis, associadas à alteração do estado de saáde dos indivíduos por diferentes fatores: uma grande diversidade de agentes infeciosos (vírus, bactérias, parasitas, fungos), uma grande multiplicidade e variedade biológica de vetores, hospedeiros e reservatórios da infeção adaptados e suscetíveis, e máltiplos ecossistemas favoráveis.

As doenças tropicais sempre estiveram associadas ao conceito de geografia médica, em que as condicionantes geográfica, orográfica e climatológica (temperatura e humidade, sobretudo) teriam um importante papel na distribuição dos agentes infeciosos e dos seus vetores.E dos humanos para serem infetados. Este conceito geoepidemiológico das doenças tropicais (zonas tropicais vs zonas temperadas?) foi muito utilizado até meados do século XX, associado às políticas económicas, sociais e expansionistas dos países com interesses nas regiões tropicais da altura. Mas os locais do mundo onde existem ecossistemas propícios para a endemicidade das chamadas doenças tropicais são também locais do mundo onde existe outro enorme problema: a pobreza. A pobreza, com todos os componentes antropológicos e sociológicos associados. As migrações surgem, na maioria dos casos, por necessidade.

E sendo os países tropicais aqueles que apresentam os maiores índices das diferentes formas de pobreza, os indivíduos desses países procuram outros locais onde possam ser menos pobres. E migram para as zonas temperadas, transportando com eles, muitas vezes, os agentes infeciosos das doenças tropicais endémicas nos seus locais de origem.

Mas a pobreza não tem uma geografia precisa e estática. A globalização e as novas economias, estão a condicionar outros nichos de pobreza, independentes das áreas geográficas temperadas ou tropicais. E assiste-se, atualmente, não só às clássicas migrações de sul para norte, mas em todas as direções. Já não existe a zona tropical e a zona temperada, existem áreas ricas e pobres, e pessoas pobres (e, em circunstâncias especiais, ricas) que se movimentam na direção de uma melhor vida.

A Saáde Páblica passa a ser Saáde Global, tendo que lidar com agentes infeciosos completamente diferentes dos habituais. Surgem as novas doenças, nalguns casos doenças emergentes, noutros reemergentes, em zonas com serviços de saáde não preparados para as diagnosticar, tratar ou controlar. Malária, Dengue, Febre Amarela e outras arboviroses, ébola, Doença do Sono, são algumas dessas doenças tropicais que associamos às migrações. E bem, porque elas continuam associadas ao movimento de pessoas infetadas de uma zona endémica para uma não-endémica. Mas serão as ánicas?

Jorge Atouguia nasceu no Funchal em 1956. Destacamos alguns pontos da sua vasta formação académica e experiência profissional:

  • Médico Especialista em Infecciologia e em Medicina Tropical
  • Mestrado e Doutorado em Medicina Tropical pela Universidade Nova de Lisboa.
  • Professor Associado do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa (até 2014).
  • Director da Unidade de Clínica das Doenças Tropicais do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (1999-2010).
  • Director Clínico da CMTV – Clínica de Medicina Tropical e do Viajante, em Lisboa (2002-).
  • Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina do Viajante (2015-)
  • Experiência de 30 anos de actividades de cooperação em Saáde com os países da CPLP.
  • Mais de quatro dezenas de livros, capítulos de livros e artigos científicos publicados sobre temas de Infecciologia e Medicina Tropical
  • Principais áreas de investigação: Tripanossomoses, Malária, outras Doenças Parasitárias, Doenças Emergentes e Medicina do Viajante.

Sobre as NOVAs Conversas

As NOVAs Conversas são sessões com convidados oriundos de todas as áreas do conhecimento e pensamento: um conjunto eclético de oradores.

As NOVAs Conversas caracterizam-se por:

  • Diversidade temática - das ciências sociais, artes e humanidades às ciências exactas e da vida - num estilo de tertália informal e linguagem acessível a um páblico não especializado.
  • Promoção do diálogo disciplinar e científico e estímulo à quebra de barreiras entre as diferentes áreas do conhecimento abrangidas pelas várias unidades orgânicas da Universidade NOVA de Lisboa.
  • Divulgação científica generalizada e promoção da discussão crítica multidisciplinar: sessões dirigidas a um páblico universitário não especializado, mas abertas a qualquer interessado.


Organização: Comissão de Estudantes de Doutoramento da NOVA Escola Doutoral.