"Migrações e Doenças Tropicais: o perigo vem do Sul?" - NOVAs Conversas com Jorge Atouguia 2.ª Conversa do Ciclo "Questões sobre a Mobilidade"
24 de novembro de 2015 | 18h |Local: ITQB - Auditório | Entrada Livre, mas sujeita a inscrição aqui.
As doenças tropicais são doenças transmissíveis, associadas à alteração do estado de saáde dos indivíduos por diferentes fatores: uma grande diversidade de agentes infeciosos (vírus, bactérias, parasitas, fungos), uma grande multiplicidade e variedade biológica de vetores, hospedeiros e reservatórios da infeção adaptados e suscetíveis, e máltiplos ecossistemas favoráveis.
As doenças tropicais sempre estiveram associadas ao conceito de geografia médica, em que as condicionantes geográfica, orográfica e climatológica (temperatura e humidade, sobretudo) teriam um importante papel na distribuição dos agentes infeciosos e dos seus vetores.E dos humanos para serem infetados. Este conceito geoepidemiológico das doenças tropicais (zonas tropicais vs zonas temperadas?) foi muito utilizado até meados do século XX, associado às políticas económicas, sociais e expansionistas dos países com interesses nas regiões tropicais da altura. Mas os locais do mundo onde existem ecossistemas propícios para a endemicidade das chamadas doenças tropicais são também locais do mundo onde existe outro enorme problema: a pobreza. A pobreza, com todos os componentes antropológicos e sociológicos associados. As migrações surgem, na maioria dos casos, por necessidade.
E sendo os países tropicais aqueles que apresentam os maiores índices das diferentes formas de pobreza, os indivíduos desses países procuram outros locais onde possam ser menos pobres. E migram para as zonas temperadas, transportando com eles, muitas vezes, os agentes infeciosos das doenças tropicais endémicas nos seus locais de origem.
Mas a pobreza não tem uma geografia precisa e estática. A globalização e as novas economias, estão a condicionar outros nichos de pobreza, independentes das áreas geográficas temperadas ou tropicais. E assiste-se, atualmente, não só às clássicas migrações de sul para norte, mas em todas as direções. Já não existe a zona tropical e a zona temperada, existem áreas ricas e pobres, e pessoas pobres (e, em circunstâncias especiais, ricas) que se movimentam na direção de uma melhor vida.
A Saáde Páblica passa a ser Saáde Global, tendo que lidar com agentes infeciosos completamente diferentes dos habituais. Surgem as novas doenças, nalguns casos doenças emergentes, noutros reemergentes, em zonas com serviços de saáde não preparados para as diagnosticar, tratar ou controlar. Malária, Dengue, Febre Amarela e outras arboviroses, ébola, Doença do Sono, são algumas dessas doenças tropicais que associamos às migrações. E bem, porque elas continuam associadas ao movimento de pessoas infetadas de uma zona endémica para uma não-endémica. Mas serão as ánicas?
Jorge Atouguia nasceu no Funchal em 1956. Destacamos alguns pontos da sua vasta formação académica e experiência profissional:
Sobre as NOVAs Conversas
As NOVAs Conversas são sessões com convidados oriundos de todas as áreas do conhecimento e pensamento: um conjunto eclético de oradores.
As NOVAs Conversas caracterizam-se por:
Organização: Comissão de Estudantes de Doutoramento da NOVA Escola Doutoral.