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Entrevista a Duarte Mónica da Academia de Código

Duarte Mónica é o Project Manager na Codeforall – Academia de Código e faz parte da comunidade alumni da NOVA, com Licenciatura e Mestrado em Gestão na NOVA School of Business and Economics.

Academia de Código

A Academia de Código é uma startup incubada na StartUp Lisboa que vem responder à necessidade de formar programadores de TI, visto que a oferta de emprego nesta área revela um grande crescimento. O objetivo é requalificar desempregados através de um curso intensivo de programação de 3 meses.

Para além disto, a Academia de Código criou ainda uma versão jánior para envolver e consciencializar as crianças das bases da programação, o que se revela muito importante por vivermos num mundo cada vez mais tecnológico.

  1. Qual foi a motivação para a criação de uma startup social?

Antes de entrar no mundo do empreendedorismo trabalhei numa construtora algum tempo e tive um projeto em Angola que foi um pouco difícil porque tinha que estar lá muito tempo e isso mexeu com a minha forma de olhar para as pessoas, apelou mais ao meu lado social. Passado algum tempo, depois de falar com algumas pessoas, surgiu, então, a oportunidade de entrar neste projeto da Academia de Código. Para além disso, o empreendedorismo social é importante pelo facto do mercado social ter muitas lacunas e enfrentar cada vez mais desafios.

2- Qual o impacto que a Academia de Código pode ter na sociedade?

A Academia de Código tem duas vertentes, a qualificação de adultos desempregados, para torná-los developers e ingressá-los no mercado de trabalho de IT, e, por outro lado, a academia de código jánior, que ensina programação a crianças, com o objetivo de criar uma consciencialização do potencial da área de programação. O impacto que pretendemos ter na vertente jánior é direcionar as crianças para as áreas que vão ter mais potencial no futuro. O objetivo não é que venham a ser todos programadores, mas sim adverti-los para o potencial desta área. Na vertente dos adultos desempregados, o objetivo é dar-lhes uma nova oportunidade, ou seja, pôr pessoas que não têm um background de programação numa academia intensiva de quatro meses. Já está provado noutros países que, de facto, este conceito funciona.

3- O que significa serem a primeira empresa financiada por um título de impacto social?

é um orgulho! Ainda há pouco tempo estivemos numa reunião de investidores com a Fundação Calouste Gulbenkian e eles disseram que, pela credibilidade do nosso projeto, tinha sido o projeto que recebeu financiamento mais rapidamente. é um sinal de confiança e de que realmente faz sentido haver esta faceta de investimento em projetos de impacto social.

4- Associa-se muitas vezes o empreendedorismo social à subsidiodependência, qual a sua opinião sobre esta matéria?

No princípio sim, mas a nossa empresa pretende ter impacto social mas ao mesmo tempo ter profit, não é uma ONG. O nosso objetivo é dar os primeiros passos com ajuda de subsídios, mas depois conseguirmos ser sustentáveis com as receitas que vamos criando e com os programas que vamos oferecendo.

5- Qual a importância da equipa na criação de um novo negócio?

A primeira prioridade é a equipa e só depois a ideia. A equipa é crucial para que o projeto "ganhe asas" e se possa desenvolver porque podes ter a melhor ideia do mundo, mas se não tiveres as pessoas certas para realizá-la nada aconteça. O capital humano é a parte mais importante de uma empresa e aqui na Academia de Código, o facto de termos uma equipa muito boa, fez com que em poucos meses tenhamos conseguido chegar a um nível que de outra forma teria sido difícil chegar.

6- Qual é a melhor e a pior parte de ser empreendedor?

A melhor parte é não haver nenhum dia igual. Caminha-se por um caminho desconhecido mas podemos seguir o nosso próprio caminho, não estamos dependentes de ninguém, temos mais liberdade. Depende muito de nós, das nossas ações e daquilo em que nós acreditamos. O lado mau é o risco e a instabilidade porque às vezes as coisas não correm bem e temos que ter força para dar a volta.

7- Acha que o background académico é importante para ser um bom empreendedor? Porquê?

Acho que é importante mas não acho que seja crucial. Uma pessoa não nasce empreendedora. Uma pessoa ou quer ser empreendedora, ou não quer. Tem que se ter muito pragmatismo e muita força de vontade para lidar com o risco. Alguém sem um curso superior pode ser melhor empreendedora que alguém que tenha um MBA. Mas claro que tirando o curso ficamos com outras perspetivas, talvez mais teóricas, que não são cruciais mas também são muito importantes.

8 - Que conselhos daria a alguém que se quer tornar empreendedor?

O início vai ser uma luta. Tem que se ter a certeza de que é aquilo que realmente se quer fazer.

9- Que impacto teve para vocês estarem incubados na StartUp Lisboa?

Teve imenso impacto. A StartUp Lisboa é um nácleo de empreendedores e dentro deste nácleo temos imensos benefícios, como contactos, entreajudas das várias startups, workshops, iniciativas e fundos. Está tudo aqui ao nosso lado, na mesma rua.